O setor automotivo é um dos mais importantes de todo o mercado brasileiro. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Economia, ele corresponde a cerca de 22% do PIB industrial e 4% do PIB total do país, incluindo montadoras e indústrias de autopeças.
Pelos dados do IBGE, o PIB do Brasil em 2019 foi de R$ 7,3 trilhões.
No nicho de autopeças, o segmento representado pelos fabricantes de grande porte (sistemistas, nível 1) é dominado por empresas de capital estrangeiro.
No caso dos fabricantes de menor porte (níveis 2 e 3), que fabricam forjados, fundidos, estampados, trefilados, plásticos, artefatos de borracha e produtos não metálicos, a maioria das empresas são de capital nacional, apesar do crescimento significativo das importações.
O transporte nesses setores
O transporte opera em várias etapas da cadeia logística automotiva, cada momento em que é necessária a movimentação de materiais, o transporte está presente.
Porém, em cada etapa existem situações que impactam diferentemente na forma de realizar o transporte. Por isso, é preciso analisar a fundo os detalhes que devem ser levados em consideração como:
Tipos de embalagem,
Tempo para entrega,
Volumetria,
Distâncias a serem percorridas, entre outras.
Vamos explorar algumas delas:
A etapa do transporte de peças do fornecedor, que produz os componentes utilizados na montagem do veículo, para a montadora tem especificações exclusivas na cadeia.
Seguindo a programação de abastecimento da montagem de cada veículo, as peças devem estar no lugar certo e no momento certo para a operação ocorrer, sendo a preocupação, ocupar o mínimo de espaço e o menor tempo possível dentro da fábrica.
Esse processo se nomeia como sistema de produção Just-In-Time (ou em português, "No Tempo Certo"), sistema japonês para evitar desperdícios, reduzir estoques e minimizar custos.
Para que esteja tudo alinhado, as montadoras de automóveis adotam um sistema de transporte para abastecer a linha de montagem, no momento certo e com a quantidade programada, utilizando um sistema batizado de “Milk Run”, que, copiando o circuito do leite, opera com um veículo percorrendo trajeto pré-determinado, carregado de embalagens vazias e realizando paradas em vários pontos de fornecimento.
E em cada local, é realizada a troca da embalagem vazia por uma cheia de material para a fábrica, que pode se entender como "o leite" no processo original e peças no processo adaptado para montadoras.
Nestes casos os veículos mais utilizados são os do tipo Sider, que possuem laterais revestidas de lona que abrem permitindo o manuseio das embalagens com maior facilidade.
Existe a etapa de transporte do veículo acabado, o qual após a finalização da montagem do automóvel e controle de qualidade, é enviado para as concessionárias.
Na expedição, cada veículo é acompanhado por uma NF de venda, como qualquer outro tipo de produto e disponibilizadas em caminhões do tipo Cegonha.
Os veículos são conduzidos por motorista através de rampas hidráulicas nestas cegonheiras, caminhões com carroceria “doble-deck”, ou seja, com dois níveis de piso, levando de 10 a 11 automóveis. Quando os automóveis estão dispostos nas posições corretas, são fixados pelos pneus com sistema de correntes e garras.
Após a comercialização dos veículos ao mercado, com o decorrer do tempo de uso existe a necessidade de manutenção que pode exigir troca de qualquer tipo de peça do automóvel.
Todo veículo que transita pelas ruas necessita manter-se em boas condições de uso, para isto, empresas que realizem reparos corretivos ou mesmo preventivos são procuradas pelos proprietários dos veículos.
Estas empresas, como as oficinas mecânicas, necessitam ter à disposição peças para atender seus clientes, seja em estoque próprio ou em estabelecimentos próximos para serem adquiridos rapidamente.
Neste momento que o transporte interage para levar materiais dos fabricantes ou revendedores para os estabelecimentos comerciais de varejo, segmento de transporte de peças de reposição.
Alguns pontos são de extrema relevância no processo de transporte de peças de reposição automotivas, como:
A grande variedade de componentes,
Tipos de embalagens utilizadas,
Volume de pedidos,
Tamanho das peças, entre outros.
Estes aspectos impactam diretamente na forma de transportar, necessitando de tipos variados de veículos, exigências de prazo de entrega mais curto, formas de arrumação de carga no carregamento, até mesmo escolha do modal de transporte.
Outra questão importante é que no caso das peças transportadas por motivo de reparação paradas nas oficinas mecânicas, deve-se levar em consideração que um veículo é um bem de alto valor no cotidiano de um indivíduo, o que torna a competitividade mais alta.
Isto significa que muitas vezes não é só o valor que é levado em conta, mas se uma peça não está disponível em um dos centros no momento certo da necessidade a venda é perdida.
Podemos reproduzir um cenário muito semelhante para os segmentos de Máquinas agrícolas e rodoviárias, como tratores e escavadeiras, o segmento de Duas rodas, motos e triciclos, e o segmento de pneumáticos, onde se encaixam os pneus.
Todos eles seguem um mesmo formato de atuação do transporte na cadeia de suprimentos.
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